Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicionantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, conseqüentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem. O filme “Escola da Vida” traz informações sobre a educação fazendo um comparativo aos métodos e comportamentos encontrados nas instituições de ensino. Demonstra o modelo pedagógico tradicionalista que passa por uma mudança para o método construtivista quando o Sr. D começa a mostrar aos alunos que é preciso viver a história, ou seja, fazer parte dela para que se compreenda, dando um significado para o aprendizado. Este filme mostra o quanto a educação precisa de uma mudança no seu método de ensino, fazendo com que os alunos e os professores busquem mais conhecimentos. Assim aconteceu com o professor Matt ao observar a vida do Sr. D, ele percebeu que é preciso motivar os alunos dando significado a teoria e sendo criativo. Afinal, uma boa aula requer um bom planejamento.
No filme, alguns professores utilizam um sistema de ensino dogmático enquanto o outro professor, Sr. D., utiliza uma metodologia mais dinâmica que busca atrair a atenção dos alunos, utilizando aquilo que eles já sabem e que estão acostumados em seu dia-a-dia, os seus conhecimentos prévios, para construir e expandir novos conhecimentos, dando oportunidade de aprendizagem significativa e saborosa, pois aprender tem de ser gostoso, tanto quanto ensinar. Nas outras aulas, os professores tentam transmitir a idéia de que somente eles são portadores do conhecimento, e que o aluno não pode colaborar com o processo de cognição. O professor Matt Warner representa o sistema educacional do país, onde os interesses individuais estão em evidência e a necessidade de reforma na identidade do educador fica pra depois. O professor “Sr. D.” aborda elementos que são pertinentes a outras disciplinas, fazendo uma interdisciplinaridade, tornando o aprendizado mais rico, embasado e fundamentado.
O filme mostra uma necessidade que temos hoje no ensino básico do Brasil. Contextualizar o ensino e adotar práticas pedagógicas inovadoras e estimulantes só acrescentam e facilitam o aprendizado dos alunos. Devemos fazer com que o aluno não seja apenas reprodutor do conhecimento, mas sim um produtor e construtor de saberes. O que o educando aprende não deve ter impacto somente no instante em que está estudando e abordando determinado assunto, mas, deve ser parte fundamental de construção de seu caráter e de seu futuro. O filme apresenta uma verdadeira realidade, que, ainda se faz presente no meio educacional, onde o resquício do tradicionalismo ainda é muito forte e as mentes dos profissionais do ensino possuem fórmulas prontas, sem nenhuma criatividade reflexiva que auxilie os discentes nas suas construções e autonomia. Até, que, um jovem professor criativo, reflexivo, intermediário do conhecimento muda a maneira de aplicar a matéria e a maneira de avaliação. Essa mudança repentina incomoda a muitos, menos ao gestor, que apesar de idoso, tinha uma visão ampliada e procurava passar uma quebra de paradigma aos demais.
Segundo LIBÂNEO (1990), a pedagogia liberal sustenta a idéia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas vigentes na sociedade de classe, através do desenvolvimento da cultura individual. Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferenças entre as classes sociais não são consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a idéia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.
A tendência liberal tradicional se caracteriza por acentuar o ensino humanístico, de cultura geral. De acordo com essa escola tradicional, o aluno é educado para atingir sua plena realização através de seu próprio esforço. Sendo assim, as diferenças de classe social não são consideradas e toda a prática escolar não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno. Esta tendência pode ser visualizada no filme, no papel do professor Matt e outros do filme.
Segundo Libâneo, a pedagogia progressista designa as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação. Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o princípio da aprendizagem significativa, partindo do que o aluno já sabe. A transferência da aprendizagem só se realiza no momento da síntese, isto é, quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora.
Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.º 9.394/96, revalorizam-se as idéias de Piaget, Vygotsky e Wallon. Um dos pontos em comum entre esses psicólogos é o fato de serem interacionistas, porque concebem o conhecimento como resultado da ação que se passa entre o sujeito e um objeto. De acordo com ARANHA (1998), o conhecimento não está, então, no sujeito, como queriam os inatistas, nem no objeto, como diziam os empiristas, mas resulta da interação entre ambos. Esta tendência pode ser visualizada no filme, no papel do professor “Sr. D.”
As tendências pedagógicas liberais, ou seja, a tradicional, a renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca assumiram compromisso com as transformações da sociedade, embora, na prática, procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema capitalista. Já as tendências pedagógicas progressistas, em oposição às liberais, têm em comum a análise crítica do sistema capitalista.
Eretuse Rocha Araújo
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